Sem categoria

“É uma discussão ampla e precisa ser avaliada pela sociedade”, diz economista sobre reforma tributária

Leia também a matéria no site da DM Sudoeste clicando na imagem

Redação 

A reforma tributária ganhou destaque no noticiário nacional com a troca de governo. Há um entendimento quase unânime de que existe a necessidade de mudança no sistema tributário do país, que é complexo e onera demasiadamente o setor produtivo. 

A reforma tributária nada mais é do que uma proposta de alteração das leis que determinam os impostos e tributos que devem ser pagos pelos contribuintes, assim como a sua forma de cobrança em todo o território nacional. Embora haja consenso de que essas normas devem ser revistas, a dificuldade surge quando as mudanças começam a ser discutidas na prática. 

Atualmente, estão em tramitação duas Propostas de Emenda da Constituição (PECs) que abordam com detalhamento este tema, são elas: a PEC 45/2019, que tramita na Câmara dos Deputados, e a PEC 110/2019, no Senado Federal. 

A reforma tributária pode ser votada ainda no primeiro semestre deste ano, segundo avaliação do governo federal. Especialistas da área econômica, produtores rurais e empresários analisam que alguns pontos precisam ser corrigidos para que a população não fique prejudicada. 

O economista e CEO da Moka21 Consultoria Empresarial, Maurício Faganelo, em entrevista ao DM Sudoeste, explica detalhes da PEC 110 e entende que a discussão passa pelo pacto federativo 

Há muitas complexidades dentro da reforma tributária que precisam ser discutidas antes de ela ser aprovada?No caso dos impostos brasileiros, o problema é que virou uma colcha de retalhos e algo muito complexo. Por ser realmente complexa, a reforma tributária implica em discussões de guerras fiscais entre os Estados que não estão dispostos em abrir mão do que ganham atualmente. A reforma passa muito fortemente pela discussão do pacto federativo. Sobre a PEC 45 e a PEC 110, nenhuma das duas propostas é ideal, mas a PEC 110 é o melhor ponto de partida. No entanto, precisa ser muita discutida. Ainda é insipiente. 

Então a PEC 110 é um pouco melhor?A PEC 110 tem a proposta de juntar impostos federais como o IPI, IOF, PIS, Cofins e Salário Educação, incluindo também o ICMS, que é estadual, e ISS que é municipal. Enfim, abrange todo o pacote que é federal e junta com o principal imposto estadual e municipal. Logo, essa PEC é mais agressiva. Já a PEC 45 também engloba alguns tributos federais, mas não considera IOF ou Salário Educação, ou seja, faltam alguns para entrar no arcabouço geral. A PEC 110 permite concessão em produtos de interesse coletivo. Já a PEC 45, além de ter menos impostos, não junta concessão de imposto. Enfim, concessão de benefícios em nenhum caso. Portanto, quero dizer que a PEC 110 é um pouco mais flexível do que a outra. Nela, o produto é vinculado às despesas e aos fundos constitucionais, enquanto que a 45 está vinculada a cada ente federativo. Enfim, essa Proposta de Emenda a Constituição que você perguntou é mais completa e generalista. 

A reclamação é de que a PEC 110 é muito confusa….A PEC 110 cria essa questão do imposto seletivo. É um arrecadatório cobrado em itens como petróleo, combustível, gás natural, cigarro e produto de fumo, por exemplo. Vejo isso como uma bagunça no meu ponto de vista, porque mistura produto de uso coletivo com produto de consumo de não necessidade. Esse imposto seletivo está errado por que mistura duas coisas completamente diferentes. Há itens que impactam toda a economia e outros que não. Enfim essa proposta é mais completa em comparação com a PEC 45. Contudo, ela une coisas que não deveriam ser misturadas. Não dá para juntar alimento com fumo e bebida alcoólica, por exemplo. 

A PEC 110 precisa ser reavaliada então?

Vejo que a PEC 110 é uma evolução da PEC 45, mas ela está longe de ser a melhor constituição tributária que podemos ter para o país hoje, justamente porque ela mistura produtos de consumo mais simples com produtos de necessidade. Vejo ainda que a proposta da reforma não trata potencialidades econômicas regionais, porque existem benefícios econômicos que podem ser oferecidos para se trabalhar melhor a economia de uma região específica. 

Qual tópico precisa ser solucionado nessa reforma?

Entendo que a reforma tributária apresentada hoje não garante que quem deve pagar mais imposto, realmente é aquele cidadão que consegue pagar mais, ou então, garante cobrar menos imposto de quem tem menores condições financeiras. A questão é que hoje pagamos sobre a produção e o consumo.  A dupla tributação ou tributação em cascata é uma situação que deve ser solucionada, entendo dessa forma.  Enfim, a discussão é ampla e necessita ser validada pela sociedade também, além dos políticos, porque irá afetar todos nós. Aliás, deixo claro que minhas avaliações são de cunho técnico, não há nenhum viés político 

A discussão da reforma deve passar pela reavaliação do pacto federativo?

Sim, ver como o pacto federativo está construído em relação ao uso das receitas do governo e como essas receitas são estruturadas. É necessário que haja a discussão do pacto e quais produtos devem conceder subsídio.  Temos que analisar também até onde vão esses subsídios e como ficará a questão de impostos federais (os impostos que serão unificados). Como será feito esse repasse? Ele será imediato ou não? Além do mais, de que forma esses governos, depois de receber os repasses, poderão utilizar esse dinheiro?  Afinal, usarão de forma imediata ou não? Em destaque, digo que a questão é qual o nível de liquidez do repasse desses impostos.

Por: Redação DM Sudoeste

ESG – Momento oportuno para seguir essa direção?

Imagem: ESG – Uma nova direção

Nós, em nossas organizações pessoais e profissionais, seja na área pública ou privada, precisamos expandir a consciência de que o ambiente em que atuamos é um organismo vivo e que necessita de constantes diagnósticos, avaliações e redirecionamentos, tanto no planejamento, como na estratégia.

Organizando passos e rotina, estando sempre de olho se está tudo no lugar o que planejou, podemos buscar mais, olhando para o que está acontecendo no mundo afora e trazermos para nossa realidade, sempre diagnosticando e traçando paralelos entre o que fazemos e o que o mundo busca. Parece simples, mas esse básico muitas vezes não é aplicado, e assim perdemos tempo, o nosso bem mais precioso. Por isso aqui quero dar luz a uma das pautas de impacto, pois estamos num momento oportuno para seguirmos esse norte.

A ONU, em 2015, pautou o mundo com a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, por meio dos seus 17 objetivos, popularmente conhecido como ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável). O tripé sustentável está em harmonizar Ambiental, Social e Econômico.

O ambiente financeiro global, onde há trilhões de dólares buscando rentabilidade segura já deu o recado: só colocarão dinheiro em empresas que tenham investimentos sustentáveis e socialmente responsáveis, que respeitem a questão ambiental e as normas de governança corporativa, e que de uma forma unificada, holística, tenham uma integração nos aspectos econômicos, financeiros, sociais, éticos e de sustentabilidade. Isso já tem um nome, aliás, uma sigla: ESG – Environmental (Ambiental), Social, Governance (Governança).

Nós precisamos nos atentar quem tem isso em sua essência, no seu DNA ao longo de sua história, levando a sério seus princípios como propósito, diferenciando dos que se definem seguidores dos princípios ESG, mas estão apenas se adaptando à narrativa, pois somente o fazem de forma oportunista, sem responsabilidade e sem cultura de sustentabilidade, atrás do cheiro do dinheiro para abocanhá-lo. São apenas de fachada, ESG de retórica.

Não vim aqui me aprofundar tecnicamente neste tema, mas com certeza ele está a cada dia mais latente e ganhando força. Espero que de fato trilhões de dólares sejam investidos em atitudes com esses princípios, pois ganhando escala no propósito, iremos ter um mundo melhor. Eu acredito!

Por: FABRICIO CARUSO, paulistano, 39 anos.
Jornalista, formado em Gestão Pública, MBA Relações Institucionais (Ibmec/DF) com ênfase de Gestão e Estratégia Política (Washington DC, EUA), Estrategista Político.
Foi responsável por Relações Institucionais e Comunicação Estratégica em Governos e Negócios. Atuou em projetos ligados a ESG para Grupo de Fundos de Investimentos, para o Comitê Paulista da Copa do Mundo 2014, criação de Frente Parlamentar no Congresso Nacional, e Fundou Clube do Marketing Político, o CAMP Brasil.
Ocupou posições estratégicas como Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Casa Civil e Relações Institucionais no GDF; Secretarias da Cultura e da Educação no Governo do Estado de SP; Chefia da Subprefeitura de Pinheiros, Operação Urbana Faria Lima, diretoria na Secretaria de Esportes e Gabinete do Prefeito na Prefeitura de SP.
Coautor dos livros: “Da Lava-Jato à Sétima República, 2019” e “Marketing Político no Brasil, 2022”, colunista do Jornal Diário de S. Paulo. Professor da escola política RenovaBR. Diretor do Nacional Atlético Clube, o Primeiro time de Futebol do Brasil.

É fundamental que empresas e empresários adotem os princípios ESG em suas ações diárias, pois eles vieram para ficar em nosso mundo e nas organizações. Com a demanda por investimentos sustentáveis e socialmente responsáveis, estamos em um momento oportuno para isso. A Moka21 ajuda sua empresa a implementar práticas alinhadas aos princípios ESG. Vamos juntos contribuir para um mundo mais sustentável e responsável socialmente!

Entrevista – Agronegócio: Risco X Oportunidade

Imagem: Mauricio Faganelo em entrevista para Agro e Prosa

Entrevista para o excelente Divino Onaldo Silva transmitido pelo Podcast dele e pela Rádio Morada do Sol FM de Rio Verde GO.

Aqui tratamos sobre o panorama do agro com esse novo ciclo de custos mais altos e riscos. Falo também como mitigar esses fatores e ter resultados positivos nesse cenário.

Foi bem legal o papo e convidamos vocês a ouvirem.

Escutem a entrevista clicando na imagem.

Por: Mauricio Faganelo

Economia que movimenta a Tecnoshow Comigo

Assista à reportagem clicando na imagem acima.

A Tecnoshow Comigo é uma das principais feiras do agronegócio no Brasil. É realizada todos os anos na cidade de Rio Verde-GO, reconhecida como a Capital Tecnológica do Agronegócio. Em 2022, o evento bateu a marca de R$ 10,6 bilhões em comercializações, movimentando a economia local e atraindo milhares de visitantes de todo o Brasil.

A cidade de Rio Verde-GO se destaca nesse setor, com empresas e iniciativas inovadoras em tecnologia de ponta, que vêm contribuindo para o desenvolvimento econômico da região.
A Moka21 Oficina de negócios é uma das empresas que faz parte deste cenário, oferecendo o melhor da consultoria e soluções, que tem como principal fundamento a garantia de resultados efetivos e sustentáveis.

Mauricio Faganelo, CEO da Moka21 diz: “A Tecnoshow, no cenário do agronegócio nacional, é uma das feiras de oportunidade única para discutir os desafios do setor e estabelecer parcerias com outros players do mercado”.

Com vasta experiência no setor, a Moka21 Oficina de Negócios conta com consultores especializados em diversas áreas como: Gestão Financeira em Propriedade Rural, Gestão Estratégica de Revendas Agrícolas, Gestão de Comunicação Estratégica no Agro, Desenho dos Processos Operacionais no Agro e Análise de Cenário Econômico do Agro.
Mostrando que o diferencial é oferecer um atendimento próximo e personalizado, garantindo o sucesso do negócio, a Moka21 realiza em seus projetos análises detalhadas da sua empresa e implementa ações eficientes para aumentar a rentabilidade e sustentabilidade do seu negócio no agro.

E se você está buscando soluções em metodologias de gestão comprovadas e personalizada para seu negócio com tecnologia para o agronegócio, entre em contato com a Moka21.

Por: Moka21 Oficina de Negócios

200 países, 200 anos em 4 minutos

Imagem: Vídeo BBC Four – Clique na imagem para assistir

Aqui Hans Rosling apresenta como ocorreu a evolução de 200 países desde 1810 até os dias de hoje, comparando o PIB per capita e a expectativa de vida das pessoas.

Esta ferramenta, o Gapminder, será uma das ferramentas que irei usar em sala de aula e palestras apartir deste semestre para abordar a Economia de um jeito menos convencional que o formato GLS (gis – louza – saliva).

Meu maior desafio no ensino de Economia e Mercados, tem sido explicar aos meus alunos e pessoas que me assistem em seminários e palestras, maneiras menos complexas de abordar o tema e fugir, sempre que puder, do economês.

Essa é uma delas. Espero que gostem.

Mauricio Faganelo

Finanças Pessoais – Dicas para você guardar seu rico dinheirinho

Imagem: Guardando dinheiro

Muita gente me pergunta como administrar as despesas pessoais. A educação financeira infelizmente não é algo que aprendemos na escola e muitas vezes aprendemos como administrar nosso dinheiro através dos nossos pais. Mas nem todos tem esse privilégio, pois muitos pais também não souberam também como fazer isso.

É comum as pessoas gastarem todo seu dinheiro logo que recebem seus salários. Gastam tudo o que recebem, sem pensar no resto do mês. Digo a vocês que essa reação é mais do que natural, pois para quem não tem renda suficiente, satisfazer suas necessidades imediatas é como se fosse um prêmio por todo o esforço que foi feito até receber o minguado dinheirinho.

Mas muitos fazem isso sem pensar no futuro. Pois, como o povo mesmo diz, o futuro é Deus quem sabe…..

Mas quero dar uma forcinha para ajudar você a organizar suas finanças pessoais e não passar o famoso “perrengue” no fim do mês:

1.)    Separe o dinheiro das contas mensais e “não conte com esse dinheiro”

Grande parte das pessoas, gastam o que ganham em uma semana (alguns em 2 ou 3 dias) e se “esquecem” das contas que vencem todo o mês. A melhor forma é separar esses gastos mensais e não contar com esse dinheiro para gastar. Assim você evita aborrecimentos futuros.

2.)    Ao fazer uma compra, faça as seguintes perguntas a você mesmo:

“Será que realmente eu preciso comprar isso ?”

“Fiz uma pesquisa de preços para saber se estou fazendo um bom negócio ?”

As compras por impulso representam mais de 30% das vendas realizadas no comércio, e muitas vezes compramos aquele produto que fica encalhado no guarda roupas, por exemplo. Todos sabemos o quanto é prazeiroso comprar algo que desejamos, mas garanto que você ficará mais satisfeito em comprar algo que deseja, quando tem certeza que fez um bom negócio. Afinal de contas, quem nunca se arrependeu de ter comprado algo por impulso e depois viu que fez besteira.

3.)    Estabeleça metas semanais de gastos  pessoais

Normalmente as pessoas recebem seu salário mensalmente ou quinzenalmente, e ficam sem dinheiro perto do dia do pagamento. Para resolver esse dilema, mude sua maneira de controlar seus gastos.
Ao invés de controlar seu dinheiro por mês, faça isso semanalmente. Aja como se você não tivesse o dinheiro que havia reservado para a semana seguinte. Estabeleça um limite semanal para todos os gastos, reservando a quantia para o supermercado, famácia, açougue, entre outros, e busque respeitar esse limite. Como ninguém é de ferro também reserve o dinheiro para lazer e diversão, como cinema, barzinhos, entre outros…

RESULTADO: Se você conseguir fazer isso, nunca passará aperto antes de receber seu salário. Acredite!

4.)    Controle de despesas é fundamental

Eu sei caro leitor, controlar as despesas é muito chato. Muito mesmo!!

Seria melhor só controlar o que recebemos, não é ?!!! Pois é, mas se não há um controle de gastos há uma grande probabilidade de você se afundar financeiramente. Muita gente não sabe como usar planilhas de cálculo e muitos, não tem paciência e nem conhecimento para fazer isso. Mas as soluções disponíveis hoje na internet são ótimas e é só você olhar com um pouco mais de cuidado quais se adequam ao seu perfil.

Vou dar dicas de alguns sites que fazem esse serviço para você, inclusive cruzando seus gastos do seu extrato bancário com seu orçamento pessoal ou familiar. Os sites são protegidos e suas informações vão ficar bem guardadas.

Existem alguns serviços na internet que oferecem gratuitamente o acesso a programas de controle financeiro.

Todos apresentam as funcionalidades básicas para os planos gratuitos, mas se você optar em contar com recursos mais avançados, é possível migrar de plano pagando uma assinatura de módulos mais sofisticados. O ideal é você mesmo testar e avaliar qual dos controles de finanças online irá atender a sua necessidade. Abaixo alguns serviços gratuitos:
www.bonusweb.com.br
www.minhaseconomias.com.br
www.gestor24horas.com.br
www.organizze.com.br

Se preferir fazer isso fora da web, existem uma grande variedade de tipos de planilhas. Procure na internet qual é melhor forma de controlar suas despesas.

5.) Quer saber mais ?

Existem muitos sites abordando o tema “Finanças Pessoais”, e vou sugerir alguns a vocês:

www.maisdinheiro.com.br

O site é organizado pelo consultor e professor de finanças da FGV, Gustavo Cerbasi.

Cerbasi escreveu alguns livros que estão na lista dos mais vendidos no Brasil há mais de 3 anos , como por exemplo: “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos” e “Como Organizar Sua Vida Financeira”. O site conta com dicas, simuladores de planejamento financeiro e uma planilha de orçamento financeiro em Excel para te ajudar.

www.financaspraticas.com.br

É um site completo que conta com muitas dicas e ferramentas para administrar suas finanças pessoais. Patrocinado pela FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) e pela empresa de cartões de crédito VISA, este website oferece um programa de finanças pessoais para ser instalado em seu computador chamado Finance Desktop com uma infinidade de ferramentas para você fazer um planejamento financeiro completo.

Se tiver mais dúvidas sobre como administrar melhor suas finanças pessoais, procure um economista ou um contador de sua confiança para lhe ajudar a escolher as melhores alternativas que possam atender suas necessidades.

Estou dando meus pulos por aqui… e você ?

Forte abraço.

Mauricio Faganelo

O Impacto do Câmbio no Agronegócio – O Dilema do “Vai-Não-Vai”

Imagem: Soja pronta para a colheita

Com a força de nosso agronegócio sendo cada vez mais protagonista e no mercado internacional, principalmente nos complexos grãos e carnes, o impacto do dólar americano nos negócios locais se torna cada vez maior.

O câmbio nada mais é do que o sentido da palavra que origina, do espanhol ‘cambiar’, que significa mudança, ou seja: mudar a moeda que esta mercadoria é comercializada em um país, pela moeda do país que se destina. O que ocorre é que algumas moedas são mais valorizadas que outras, alterando assim, o fator de conversão. Se forem necessários dois reais e trinta centavos para trocá-los em um dólar, o preço da mercadoria se for US$ 10.00, será, em reais, R$ 23,00.

Compreender estas variações e quanto isso pode impactar seu negócio é mais do que mandatório para quem atua no agronegócio. Mais importante ainda é como podemos nos proteger dessas variações cambiais.

IMPACTO PARA QUEM IMPORTA

Para quem compra insumos agrícolas (fertilizantes, defensivos e sementes), vê a dependência do mercado externo muito fortemente nos preços pagos no mercado local. Toda vez que temos uma desvalorização do real face ao dólar há um repasse de preços para o produtor. Quando o contrário acontece, a redução nos preços é bem menor comparado aos momentos de aumento. Sendo assim o produtor se vê em uma “sinuca de bico” que corroe os custos de produção. Quando falamos de máquinas e implementos, o repasse ainda é maior, pois além da variação cambial existe o valor do aço e do minério no mercado internacional.

Para se ter uma idéia do tamanho da exposição do produtor a esses insumos agrícolas importados, mais de 60% dos fertilizantes que consumimos no Brasil vem do exterior, contra 40% provenientes do mercado interno. E quando o produto é de fora, é necessária a troca de reais por dólares para a efetivação dessa importação. O intervalo entre a encomenda desse insumo e a execução do preço efetivo da mercadoria pago pelo produtor é de aproximadamente 45 dias, grande parte em função da logística. Em momentos de variação cambial forte e incertezas no mercado internacional, somente a variação cambial nesse período, pode chegar a 10% a mais pago produtor em cada negócio. É um risco importante e que afeta diretamente a rentabilidade do empresário rural.

Mas essa variação no câmbio pode ser ainda maior, considerando o fato que muitos produtores adquirem seus produtos no sistema de trocas (recebendo fertilizante e pagando em sacas soja, por exemplo), podendo aumentar ainda mais a variação, pois o momento da compra dos insumos e da realização da venda da soja são muito distantes.

Há outro fator que pode aumentar os custos, pois as operações que envolvem a importação de produtos, toda a formação de preços é balizada pelo dólar americano como, por exemplo, os custos do petróleo e do frete internacional, além dos custos portuários.

Portanto, para quem compra insumos externos, compreender estas variações e avaliar mecanismos para reduzir esses riscos é mandatório para o empresário do agronegócio que não parou no tempo.

IMPACTO PARA QUEM EXPORTA

Para quem vende commodities agrícolas a “aflição” é ainda maior. O empresário do agronegócio deve considerar sempre três variáveis para compor seu preço no mercado local:

1,.) O preço da commoditie no mercado internacional (leia-se Bolsa de Chicago, ou CBOT, Chicago Board of Trade)”:

Os preços no mercado internacional são muito influenciados pelas relações de oferta e demanda desses produtos no mercado internacional, onde podemos salientar as variações climáticas e o controle de pragas do lado da oferta e do lado da demanda o impacto de grandes mercados compradores, como China por exemplo.

2.) O frete médio entre a sua região e os principais portos brasileiros (Santos e Paranaguá, no caso do complexo grãos).

Já os fretes no mercado interno sofrem principalmente o impacto dos preços dos combustíveis no mercado interno, sendo essa variável monitorada pelo governo brasileiro por intermédio da Petrobrás que monopoliza a distribuição dos combustíveis no Brasil. Um impacto no aumento de combustíveis no mercado interno gera um aumento direto na inflação. Por isso essa ingerência direta do governo nesse setor.

3.)  A relação entre o Real Brasileiro e o Dólar Americano

O valor do dólar americano e sua relação com a nossa moeda é dada pela taxa de cambio nominal, que é o resultado das negociações da moeda americana na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) diariamente. Na BM&F é onde todo fluxo de moedas relacionadas aos contratos de mercadorias em moeda estrageira são realizados, portanto é onde há o melhor equilíbrio entre a necessidade de moeda americana e de moeda nacional.

O Banco Central pode interferir nos negócios comprando ou vendendo reais e dólares quando achar conveniênte, pois possui um volume importante de dólares em reserva (aproximadamente USD 375 bilhões) e é o guardião do real brasileiro, podendo emitir a quantidade de moeda que achar necessário para equilibrar os mercados. Portanto é função do Banco Central evitar as grandes variações cambiais, mas não é papel dele direcionar os mercados. Portanto temos uma linha muito tênue entre regulação e intervenção.

Dito o acima, o empresário do agronegócio deve avaliar com cuidado o preço da commoditie que ele produz e a relação real versus dólar, ambos com o mesmo peso e importância.

Em determinados momentos em nossa economia pudemos constatar que a queda na cotação da soja pôde ser aliviada por uma forte desvalorização da moeda brasileira, fazendo com que nossos produtos se tornassem mais atrativos no mercado internacional. Quando o Dólar estava desvalorizado e a soja com cotações altas no mercado internacional pôde se verificar uma grande realização de lucros por parte do produtor brasileiro. Era o melhor dos cenários. O pior também já ocorreu, com real valorizado e preços baixos das commódities.

Esses fatores externos (ou exógenos), que não estão sob domínio ou gestão do produtor, que podem influenciar seu negócio. Desejar que o real se desvalorize para ele vender melhor, pode ser um erro, pois ele irá pagar mais caro nos insumos que ele compra. Desejar um real caro, pode fazer com que ele perca competividade no mercado internacional. Portanto um câmbio equilibrado, com variações diárias pequenas, é o melhor dos cenários para o agronegócio. O pior cenário são as variações malucas dadas pelo humor dos mercados internacionais. No médio prazo os ajustes são inevitáveis no mercado cambial, ou naturalmente pelas forças de mercado, ou via intervenção do Banco Central.

COMO SE PROTEGER ?

Hoje o produtor pode contar com uma série de profissionais que podem ajudá lo na consulta sobre as perspectivas e que produtos financeiros pode utilizar. Entendo que a proteção contra os riscos de mercado (preço da mercadoria) e cambiais (moedas) só pode se dar por meio dos mercados de derivativos.

Seguros e operações de hedge, são frequentemente utilizadas pelos grandes grupos produtores, e há uma grande parte de médios e pequenos produtores que não entram nesses mecanismos de proteção pois não entendem como funciona esse processo e o quanto pode ser seguro. É importante também citar que essa flutuação cambial é algo que ocorre efetivamente desde 2001 e por ser algo “relativamente novo” demanda uma processo de formação e compreensão por parte dos produtores.

Caro amigo e amiga, não se sinta incomodado  caso não conhecer estas operações, busque um economista ou operador do mercado financeiro para lhe ajudar nesse processo. Entender de economia é tão importante quanto sua busca por excelência dentro da porteira. Busque minimizar seus riscos externos, tanto quanto você busca melhorar seu desempenho em produção.

Mauricio Faganelo*

Adriano Paranaíba**

*Economista pela PUC-SP, MBA em Marketing pela ESPM-SP, Mestrando em Planejamento e Desenvovimento Territorial pela PUC-GO. É professor de cursos de pós graduação da FAR e Fac. Objetivo. Foi professor do IF Goiano, PUC-SP e UNINOVE-SP. Diretor da Moka21 Consultoria Empresarial, atua como consultor empresarial de empresas do Agronegócio, Indústrias, Comércio e Setor Público.

**Economista, Mestre em Agronegócio pela UFG, Doutorando em Logística pela UNB, Ex presidente do Instituto Pró Economia. É Professor do Instituto Federal de Goiás.

por Mauricio Faganelo